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Influenciadoras digitais do crime: redes sociais viram vitrine para facções no Piauí

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Diogo Costa
Por: Diogo Costa
02/05/2025 às 15h08
Influenciadoras digitais do crime: redes sociais viram vitrine para facções no Piauí
Polícia Civil

O que antes parecia apenas mais uma tendência de ostentação nas redes sociais ganhou uma nova e preocupante dimensão no Piauí: o uso estratégico das plataformas digitais por influenciadoras para promover e fortalecer o crime organizado. De 2023 a 2025, a Secretaria de Segurança Pública identificou um aumento significativo de casos envolvendo mulheres com grande número de seguidores que utilizam seus perfis para exibir atividades ilegais, como a promoção de jogos de azar, apologia ao crime e ostentação de armas.

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Segundo investigações da Polícia Civil, algumas dessas influenciadoras chegam a reunir mais de meio milhão de seguidores e apresentam um padrão de vida incompatível com suas rendas declaradas. Além disso, as postagens envolvem ameaças a rivais, divulgação de símbolos de facções e normalização da violência, tudo isso disfarçado como “conteúdo comum” ou “entretenimento”.

Casos recentes mostram que o fenômeno não se resume à exibição de luxo. Operações como a "Jogo Sujo", da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), e a "Faixa Rosa", conduzida pelo Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), resultaram na prisão de diversas influenciadoras que atuavam como promotoras de plataformas ilegais de apostas e tinham ligações diretas com facções criminosas.

O delegado Humberto Mácola destacou os impactos sociais desse tipo de prática: “Apesar de parecer algo inofensivo, os jogos ilegais destroem famílias e arrastam pessoas ao desespero. Muitas chegam a vender seus bens para continuar apostando”.

A atuação dessas influenciadoras vai além da simples publicidade de apostas. Investigações apontam envolvimento em crimes como tráfico de drogas, assaltos, e até funções estratégicas dentro de facções, como logística, disciplina e arrecadação de dinheiro ilícito. Em alguns casos, elas chegaram a ser expulsas de territórios dominados por grupos rivais e, mesmo assim, retornaram para continuar suas atividades.

Para o delegado Charles Pessoa, o uso das redes sociais como vitrine do crime é uma ameaça crescente. “Essas influenciadoras do mal estão tentando disseminar a cultura da criminalidade para os jovens. Mas não se enganem, elas não são apenas blogueiras, são criminosas. Estamos atentos e vamos continuar combatendo esse fenômeno. A Segurança Pública do Piauí vê além dos filtros, além das telas”.

A polícia reforça que a associação entre a popularidade digital e a criminalidade organizada exige atenção não apenas das autoridades, mas também da sociedade, que muitas vezes consome esse conteúdo sem perceber o impacto coletivo que ele representa.

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