Nos últimos anos, o Brasil, tradicionalmente conhecido como o maior país católico do mundo, tem testemunhado uma significativa transformação religiosa. Dados do Anuário Pontifício e relatórios do Pew Research Center apontam que, em 2020, 57,5% dos fiéis católicos estavam na América do Sul, com o Brasil representando sozinho cerca de 10% da população católica global. No entanto, essa realidade tem mudado drasticamente.
Uma pesquisa recente do Datafolha revelou que os evangélicos já correspondem a 31% da população brasileira, enquanto o número de católicos caiu para 50%, o menor percentual já registrado. O levantamento destaca que as mulheres representam 58% dos evangélicos e 51% entre os católicos. Se a tendência continuar, o Brasil poderá se tornar uma nação majoritariamente evangélica nas próximas décadas.
O crescimento do evangelicalismo é notável: entre 2000 e 2023, a porcentagem de evangélicos no país quase dobrou, saltando de 15% para cerca de 31%, o que equivale a aproximadamente 70 milhões de fiéis. Esse aumento acelerado é especialmente visível nas periferias e entre os jovens de 16 a 24 anos, impulsionado principalmente pelas igrejas neopentecostais. Projeções do Pew Research indicam que os evangélicos poderão se tornar a maioria no Brasil até 2035.
Esse fenômeno não se limita ao âmbito religioso; ele está impactando profundamente a sociedade e a política brasileira. Nas últimas eleições, candidatos evangélicos conquistaram um número recorde de cadeiras no Congresso Nacional, formando uma "bancada evangélica" que se tornou uma das mais influentes do país. Além disso, as igrejas evangélicas estão dominando a mídia com redes de TV, rádio e plataformas digitais, tornando programas religiosos alguns dos mais assistidos.
Entretanto, o crescimento do evangelicalismo também traz desafios e críticas. Denominações são frequentemente acusadas de exploração financeira por meio do dízimo e algumas geram polêmica por suas posturas conservadoras em questões como aborto e diversidade sexual. Especialistas alertam que, enquanto muitas igrejas promovem ações sociais significativas, outras priorizam lucros e constroem impérios midiáticos e imobiliários.
É importante ressaltar que nenhuma pesquisa ou índice pode determinar qual religião é "certa" ou "errada", e que a intolerância religiosa é crime no Brasil, podendo resultar em penalidades severas. A transformação religiosa em curso no país reflete não apenas mudanças espirituais, mas também profundas alterações culturais e sociais que prometem moldar o futuro da nação.